Raí
Heróis esquecidos
Irmão da lenda Sócrates, campeão do Mundo e mito no São Paulo e PSG, eis Raí.
Nasceu há 59 anos em Ribeirão Preto e começou a jogar em 1984, numa altura em que o irmão, Sócrates já era um dos melhores jogadores brasileiros de sempre e já tinha defendido o belo Brasil do Mundial de 1982. Com bons números pelo Botafogo SP, foi emprestado ao Ponte Preta e 1987, chegou ao São Paulo. A partir de 1988, assumiu-se como titular e figura do clube, marcando 9 golos em 37 jogos. Em 1989, o primeiro título, sendo campeão paulista ao lado de Gilmar e Ricardo Rocha. Em 1991, 27 golos e a conquista do Brasileirão, com a ajuda de Zetti, Cafu, Leonardo ou Muller.
Em 1992 e 1993, foi central na dupla conquista da Libertadores. Em 1992, marcou mais 26 golos, incluindo o que empatou a final, a duas mãos, contra os Newell Old Boys, orientados por Marcelo Bielsa. Antes de 1992 acabar, o São Paulo ainda venceu a Intercontinental. A “vítima” foi o Barcelona de Cruyff, Stoichkov, Laudrup, Bakero ou Guardiola e no 2-1 final, foi Raí a marcar os dois golos. Em 1993, marcou 17 vezes e num total de 5-3 na final, desta vez com a Univerdad Católica, marcou mais uma vez. Deixou o São Paulo com 128 golos em quase 400 jogos.
De 1993 a 1998, jogou pelo PSG. Treinado pelo malogrado Artur Jorge e tendo a boa companhia de Lama, Ricardo Gomes, Le Guen, Guerin, Valdo, Ginola ou Weah, foi campeão e chegou às “meias” da Taça das Taças. Marcou por 8 vezes. Na segunda época, já com 30 anos, marcou 14 vezes e venceu Taça de França e Taça da Liga (marcou no 2-0 ao Bastia). O PSG chegou ainda às meias finais da Taça dos Campeões. Ao terceiro ano, mais 18 golos já sem Weah e Ginola, mas já com homens como Loko ou Djorkaeff. Em janeiro de 1996, vitória na Supertaça francesa e em maio, conquista da Taça das Taças, contra o Rapid de Viena. Magoado, Raí saiu logo aos 12 minutos, na final, em Bruxelas.
Em 1996-1997 recebeu a companhia de Leonardo, num plantel que contava com o português Kennedy e onde despontava o jovem Anelka. Raí fez 16 golos e o PSG foi segundo em quase tudo e nada venceu. Foi vice-campeão francês, perdeu a Supertaça Europeia (marcou os dois golos do PSG no 2-9 ante da Juventus, em duas mãos) e perdeu a final da Taça das Taças, para o Barcelona de Ronaldo e Figo. Ficou mais um ano, marcando na vitória final da Taça de França (2-1 ao Lens). Venceu também a Taça da Liga, marcando na final contra o Bordéus de Papin. Despediu-se como um dos melhores de sempre a jogar no Parc de Princes, fazendo vénias ao público que o adora até hoje. Sem surpresa, quando há cerca de cinco anos, nos 50 anos do PSG, sócios, antigos jogadores, treinadores, dirigentes e jornalistas foram chamados a escolher o melhor jogador da história do clube, Raí foi escolhido à frente de Ibrahimovic ou Ronaldinho. Raí lidera, pois, o melhor 11 de sempre, ao lado de Lama, Marquinhos, Susic ou Pauleta.
Aos 33 anos, regressou ao São Paulo, ficando lá até 2000, somando mais 15 golos em 82 jogos. Conviveu de perto com novos talentos como Júlio Baptista, Fábio Simplício ou Fábio Aurélio, além de homens mais estabelecidos como Ceni, Edmilson ou França. Venceu mais dois campeonatos paulistas, um deles, literalmente, no dia em que regressou ao Brasil, marcando inclusivamente, ao Corinthians. Não há um ranking mas provavelmente luta com Rogério Ceni pelo título de melhor jogador de sempre do São Paulo, à frente de craques como Oscar, Kaka ou Toninho Cerezo.
Pelo Brasil, foi o camisa 10 na conquista do Mundial de 1994. Participou em 5 jogos e marcou 1 golo, no 2-0 inicial à Rússia. Não jogou a final, mas esteve em destaque ao longo da prova, ao lado de Romário e Bebeto e de vários jogadores com os quais partilhou balneário no São Paulo, como Zetti, Gilmar, Leonardo ou Muller. Jogou ainda duas Copas América. Totalizou 17 golos em 54 partidas.