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Visão do Peão

Visão do Peão

Ter | 17.06.14

Portugal x Alemanha: um resultado (des)esperado

JFD

PORTUGAL NÃO TEVE CABEÇA PARA LIDAR COM O JOGO

 

Só quem não conhece a qualidade do exército alemão e as fragilidades da nossa tripulação pode ficar surpreendido com a derrota em Salvador. É facto que o árbitro facilitou as coisas à poderosa armada germânica e que Pepe voltou a revelar falta de profissionalismo e espírito frio para lidar com as adversidades. Tudo isso é óbvio mas por si só não chega para retratar o que se passou na antiga capital brasileira. A estratégica alemã de treinar à hora do jogo, enfretando as condições atmosféricas, revelaram-se eficazes, e Portugal deveria ter vergonha de até nesse capítulo ter sido ultrapassado.

Com um esquema de jogo móvel, com Muller como falso nove alternando com Gotze, a Alemanha não revelou desacerto com as adaptações de Howedes e Boateng às laterais e o novo trinco Lahm traz já as rotinas do Bayern de Guardiola. Low revelou a sua inteligência ao não estragar o trabalho feito por Pep, tirando proveito das rotinas do colosso bávaro. Portugal, por seu turno, comandado por um Paulo Bento adepto do status quo e dos lugares-cativos dos lóbis nacionais, deixou o robusto William Carvalho no banco, abdicando da sua capacidade box-to-box, e fazendo alinhar o eterno falhado Hugo Almeida na frente de ataque, deixando a ponta do vértice ofensivo nacional órfão de qualidade. Sem rodeios: Almeida é um jogador de baixíssima qualidade, sem competência na finalização, no cabeceamento e que não sabe tirar proveito da sua força física. A excelente oportunidade que dispôs e que resultou num passe para Neuer é apenas um exemplo - longe dos piores - de um carreira feita de absurdos desperdícios. Na baliza temos um Rui Patrício que não sendo um jogador fraco não é também um guarda-redes de topo, sendo amplamente fraco com os pés, razão pelo qual ainda não foi transferido para um clube maior. Beto, terceira opção na lógica da antiguidade como posto, justifica bem mais a titularidade mas não a irá ter, tal como Vieirinha, Varela ou Neto.

Os lugares-cativos que marcam a identidade da seleção, a insistência na utilização de um ponta-de-lança fixo quando nenhum tem qualidade para tal colocam a seleção portuguesa num eterno estado de fragilidade. Se Meireles nos clubes tem sido um jogador de boa carreira, na seleção não é merecedor da titularidade. Arriscaria dizer que Adrien Silva ou Paulo Machado, a título de exemplo, poderiam muito bem desempenhar a função. E, já agora, as razões invocadas para que Quaresma não fosse convocado - a indisciplina - nunca foram entrave às chamadas de Pepe. 

Portugal jamais poderá ultrapassar a barreira do quase porque existem demasiados interesses, pressões e poderes instalados que impedem que os mais aptos joguem e que as movimentações táticas imperem. Quando olho para as opções de Paulo Bento lembro-me de Roy Hodgson - demasiado banais e  antiquados para arriscarem e saberem ler um jogo. Resultado: goleada clara.