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Visão do Peão

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Qui | 23.06.16

Os oitavos

Francisco Chaveiro Reis

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Apanhar a Croácia nos oitavos de final do Euro é um tremendo azar. Os croatas evoluíram muito desde 1996, quando se estrearam num Euro e foram derrotados 3-0 por Portugal e têm um plantel de grande qualidade, uma equipa com fino recorte técnicos e jogadores espalhados por equipas como Real Madrid, Barcelona ou Inter.

 

Na baliza mora Subasic do Mónaco. É um keeper de grande classe e dá segurança. Na defesa, os guerreiros Corluka (Lokomotiv) e Vida (Dinamo Kiev)  são fisicamente fortes e metem respeito. São lentos e é disso mesmo que Nani se tentará aproveitar. Nas alas, dois senhores. A caminhar para o fim da carreira, Srna (Shaktar), eterno capitão do Shaktar e atual capitão da Croácia, atua na direita e é eximio marcador de bolas paradas. Na esquerda, joga Vrsaljko, que se prepara para trocar o Sassuolo pelo Atlético de Madrid e é um dos mais interessantes laterais da Europa. Como segundas opções há Jevdaj (Leverkusen), Strinic ou Schildenfeld (PAOK). No meio campo, um elenco do luxo. Badelj (Fiorentina) é o homem mais recuado e a garantia de músculo. Ao lado tem Brozovic (Inter), mais técnico. Rakitic (Barcelona), Modric (Real Madrid) e Perisic (Inter) forma o trio dourado, a partir do qual todo o jogo ofensivo se desenrola. Na frente, Mandzukic (Juventus) é o avançado. As alternativas ofensivas são a jovem estrela Pjaca (Dinamo Zabreg, associado a Milan e Benfica), Kramaric (Hoffenheim) ou Kalinic (Fiorentina), autor de um golo de calcanhar ante de Espanha.

 

Só uma equipa portuguesa muito segura na defesa (especial atenção às alas que ontem estiveram desastradas); com um meio campo de alta rotação (Moutinho e Gomes, nas suas atuais versões não cabem aqui) e um ataque assertivo podem passar a Croácia, que tem contra si o menor traquejo quando comparada contra equipas como Alemanha, Itália ou Espanha.

 

Portugal deverá continuar no seu 4-4-2, apostando na versão “diamante” ou “losango” que resultou ontem melhor do que a versão inicial. Na baliza, teremos Patrício. Nas alas, Raphael regressa e na direita seria bom ter Cédric, bem mais rotinado na posição e fisicamente fresco. No centro, Pepe tem estado bem e era bom que Fonte jogasse, permitindo a Carvalho descansar. O central do Mónaco tem 38 anos e fazer 4 jogos em tão pouco tempo poderá ser de mais (já ontem se notou o cansaço e lentidão). Para o meio, William deve manter-se na posição seis. A médios interiores, João Mário é a opção para a direita. Na esquerda, seria desejável deixar Gomes de fora. O médio do Valência está mal fisicamente e pouco tem rendido na esquerda. A solução ideal seria apostar num homem mais ofensivo como Rafa ou Quaresma. Sanches poderá ser uma boa opção também, uma vez que ontem mexeu com o jogo. Atrás dos avançados, Moutinho tem sido quase nulo. Adrien, com zero minutos na competição, seria a melhor opção.

 

No ataque, é certo que a aposta será Ronaldo acompanhado por Nani. Face às características dos centrais e mesmo de Badelj, Nani será um homem central. A certeza é só uma: só um Portugal muito diferente do da primeira fase pode sonhar com a vitória sobre os croatas, uma das equipas que melhor futebol praticam.

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