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Visão do Peão

Visão do Peão

Qua | 06.07.22

O futuro de Ronaldo

Francisco Chaveiro Reis

 

Cristiano Ronaldo foi, em Turim e na segunda passagem por Manchester, um profissional dedicado que parece ter trabalhado tão arduamente como sempre e que marcou muitos golos, mas, ao mesmo tempo, não parece ter melhorado nem Juventus nem United, ao ponto dos novos treinadores pareceram quase aliviados com a sua saída.

Ronaldo chegou a Turim depois de se sentir pouco amado no Real Madrid, clube pelo qual venceu tudo e do qual é o melhor marcador da sua história. Na altura, lembrou que com a idade que tinha, muitos iam para a MLS ou China e que ele estava ali, num dos maiores clubes da Europa. A ideia de CR7 e do clube era clara: voltar a vencer a Liga dos Campeões. A partir do momento que esse objetivo falhou e que a Juve até perdeu o domínio interno, a saída de Ronaldo tornou-se inevitável. Para não vencer a Champions, Ronaldo é opção que sai cara. Pelo elevadíssimo salário e porque quando se tem Ronaldo, joga-se para Ronaldo. É inevitável. É a única forma de jogar, porque Ronaldo ainda resolve. Mas a equipa deixa de explorar todas as outras opções. Factualmente, marcou 101 golos pela Juve e venceu dois campeonatos, uma taça e duas supertaças. Ronaldo não falhou na Juventus, mas a Juventus não foi melhor com ele.

Em Manchester, entrou em cima do fecho da janela de transferências, “roubando” o número da camisola a Cavani que acabara bem a época e perdeu todo o espaço e roubando o lugar a Greenwood, que começara bem a época como goleador. Sabemos hoje que o jovem inglês nunca acabaria a época, mas pode dizer-se que a sua esperança de uma época de alta qualidade acabou com a chegada de Ronaldo. Ronaldo marcou impressionantes 24 golos, mas mais uma vez a sua equipa não melhorou. Ronaldo continua a ter qualidade para jogar em qualquer equipa e fazer muitos golos, mas tem o efeito de secar os colegas e de não os deixar evoluir. É natural. É fatal. Tem Hag, claro, não disse que não contava com ele mas depois do atraso na apresentação aos trabalhos e da alegada vontade do português sair, já terão feito o holandês pensar no futuro sem ele até porque, Ronaldo, por muito que mantenha a forma, está a caminho da reforma, mais ano, menos ano e o United precisa de um projeto estruturado de futuro, tirando rendimento das suas jovens estrelas como Sancho.

Assim sendo, qual é o próximo passo na carreira de Ronaldo? O regresso a Espanha foi aventado, mas acredito que o interesse do Barcelona seja apenas manobra para o Real Madrid (de onde nunca devia ter saído) morder o isco do que outra coisa. Ronaldo arriscaria a sua imagem de um dos melhores de sempre do maior clube do mundo para jogar um ano ou dois no Barcelona, numa fase em que o clube está mal financeiramente e desportivamente? A possibilidade do Chelsea o contratar também foi avançada. Diria que é mais possível e que tal como os adeptos do Chelsea viram Lampard jogar no City um ano e o continuam a considerar o antigo médio uma lenda, o mesmo aconteceria com os adeptos do United, mas, seria sempre uma saída algo forçada e envolta em “birra” para um clube que, tendo menos história, tem sido melhor nos últimos anos.  Um projeto interessante poderia ser o Tottenham de Conte que com as chegadas de Richarlison, Perisic ou Bissouma promete.

PSG e Bayern seriam as melhores opções até porque o principal para Ronaldo será lutar pela Champions e ambicionar chegar a mais uma Bola de Ouro, mas estas são pistas quase impossíveis. O PSG tem Mbappé, Messi e Neymar e o perfil de Campos e Gaultier será de contratar jogadores de futuro e mais discretos o que até parece fazer perigar a continuidade de Neymar. Juntar Ronaldo a Messi seria uma bela jogada, mas seriam ainda mais egos em Paris. Já o Bayern, perdendo Lewandowski, poderia ter uma solução rápida para marcar golos, mas a rigidez habitual dos clubes alemãs nas finanças não deve possibilitar esta pequena loucura.

O melhor seria mesmo voltar atrás e liderar o projeto do United por um ano antes de um regresso a Lisboa ou a ida para outra liga menos competitiva onde pudesse continuar a superar-se até aos 40 anos, mas todos os sinais indicam que sairá em breve e que a escolha poderá não ser acertada, acabando por manchar a sua carreira quase perfeita.

Em breve, saberemos.