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Visão do Peão

Visão do Peão

Seg | 11.10.21

O adulto Neymar

Francisco Chaveiro Reis

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Neymar afirmou que o Mundial 2022 deve ser o seu último. O avançado brasileiro chegará ao Mundial do próximo ano com 30 anos e seria expectável que jogasse pelo menos mais uma Copa. Em causa não estará tanto o jogo, mas sim a pressão que o rodeia e sobretudo, rodeia Neymar, sempre mais conhecido pelos casos do que pelos golos. Mas, sendo certo que Neymar gosta de se divertir e tem uma intensa e luxuosa vida fora dos relvados, o que se pode dizer da carreira dele, até agora?

Neymar começou menino no Santos. Tal como Pelé, mas também tal como Robinho ou Ganso que viriam a ter carreiras pouco condizentes com o seu talento natural. De 2009 a 2013, foi rei no estádio do Rei Pelé e o seu melhor herdeiro. Estreou-se com 17 anos e desde logo mostrou ao que vinha com 14 golos e 9 assistência no ano de estreia. Foi sempre a somar e deixaria o Brasil com 225 jogos, 136 golos e 62 assistências. Ajudou ainda o Santos a vencer três campeonatos paulistas; uma taça do Brasil; uma Libertadores e uma Supertaça Sul-Americana.

Chegou experiente ao Barcelona, mas com apenas 22 anos. E passou na Catalunha os melhores quatro anos da carreira. Soube aproveitar o elenco de estrelas que tinha à volta para aprender, mantendo uma postura humilde. Assim, formou trio de sonho com Messi e Suarez. Mais novo do que estes, poderia ser até hoje estrela maior na Liga Espanhola e provavelmente herdeiro de Messi. Continuando no Camp Nou, acredito que já tivesse ganho a Bola de Ouro. Venceu dois campeonatos espanhóis, três taças, uma supertaça, uma Champions e um Mundial de Clubes. Mesmo com Suarez e Messi (ou será sobretudo, com estes?) fez 105 (pouco mais do que 25 por ano, em média) golos e 61 assistências. Nada mau.

Em 2017, mudou-se para França. Não resistiu ao apelo do dinheiro e à possibilidade de ser estrela maior, mesmo que num clube com muito menos história. Ganhou fama de fazer apenas o que queria e parecia estar sempre lesionado nos jogos mais pequenos ou fora de Paris. Mas, olhando aos números, vemos que Neymar, nas primeiras quatro épocas que fez, esteve em 116 jogos. Claro que o número poderia ser maior já que uma equipa como o PSG faz mais de 40 jogos por ano, mas, estamos a falar de 29 jogos por época. Em termos de golos, vê-se que Neymar não anda (apenas) a passear em França: 87 golos e 47 ofertas. Se não compararmos com Messi e Ronaldo, são números fabulosos. Para já, Neymar é o nono melhor marcado da história do clube, a um golo do colega de hoje, Di Maria. Acredito que estabilize em Paris e que fique por lá mais algumas temporadas, tentando a conquista da Liga dos Campeões, antes de, provavelmente regressar ao Brasil. Pelo PSG, já conquistou três ligas francesas, três taças, duas taças da liga e duas supertaças, além da presença na final da Champions.

Pela sua seleção, falta-lhe o sonho do Mundial ou pelo menos, uma Copa América. Até hoje, foi a estrela maior da conquista da medalha de ouro nos Jogos de 2016 e ajudou nas vitórias das Taça das Confederações, em 2013 e no Campeonato Sul-Americano Sub-20, dois anos antes. Pelo Escrete, soma 114 jogos, 69 golos e 44 assistências.