Milan - a era chinesa
Depois de meses de especulação, avanços e recuos, o AC Milan, um dos clubes mais titulados do mundo, acaba de ser vendido a um grupo chinês por mais de 700 milhões de euros. Chega assim ao fim o reinado frutuoso de Sílvio Berlusconi. Berlusconi chegou a Milão em 1986 e ao longo de 31 anos levou o Milan a 29 conquistas, com destaque para cinco Ligas dos Campeões, oito campeonatos italianos, duas Taças Intercontinentais ou um Mundial de Clubes. Mesmo com a sua passagem pela política, Sílvio nunca deixou o Milan e foi o nome maior do clube durante estas três épocas.
A ele se deve a aposta em treinadores de topo como Sacchi, Capello ou Ancelotti e foi durante o seu reinado que nomes maiores da história do clube como Dida, Rossi, Baresi, Maldini, Costacurta, Desailly, Albertini, Boban, Savicevic, Kaká, Gattuso, Papin, Massaro, Weah, Simone, Rijkard, Gullitt ou Van Basten, para nomear alguns, passaram por San Siro.
bviamente que existiu um Milan antes de 1986 mas a importância de Berlusconi e sua equipa, fez do clube um dos maiores do mundo. No entanto, nos últimos anos o Calcio e o Milan mudaram. Há poucos anos, o Milan tinha um meio-campo composto por Pirlo, Gattuso, Seedorf e Kaká. Hoje joga com Sosa, Kucka e Pasalic. As diferenças saltam à vista.
O desafio do Milan é voltar aos grandes palcos. Primeiro, reconquistar o domínio do futebol italiano que tem sido da Juventus. Depois voltar a ser um gigante na Europa. Os escândalos de corrupção e o dinheiro abundante em Inglaterra desviaram os craques de Itália, até aos anos 90, centro do futebol mundial. Hoje, seria impensável ver Platini, Boniek, Van Basten ou Falcão no mesmo campeonato.
Mas, se o dinheiro leva craques à China, mais depressa os levará a Itália onde os adeptos amam e percebem o jogo, onde os estádios, mesmo que datados costumam estar cheios e onde a tradição é grande. Para uma carreira, jogar por Juventus, Milan, Inter, Roma, Lázio ou Nápoles tem valor.
Não se sabe ainda os contornos do negócio mas é certo que o investimento significará contratações sonantes. Só assim se pode vencer e entusiasmar os adeptos. O Milan tem uma folha salarial milionária para um grupo tão mediano. Homens como Zapata, Gomez, Mati, Kukca, Lapadula ou Honda não têm cabimento num clube que se quer gigantesco.
A fórmula de Montella é um bom ponto de partida. Dar oportunidades aos jovens da bela escola do Milan. Donnarumma, De Sciglio, Locatelli ou Vido são valores de futuro. Ao seu lado devem ter italianos experientes como Abate, Paletta, Montolivo e Bonaventura e outros menos experientes mas que podem somar valor como Romagnoli e Bertolacci. Faltam algumas pinceladas de classe.
Um central de classe inegável para fazer dupla com Romagnoli; um defesa-esquerdo de raiz; um oito combativo; um criativo; um 9 de renome mundial e dois extremos serão opções a ter em conta. Homens deslocados em campeonatos periféricos como os “chineses” Paulinho e Ramires; homens a jogar em clubes de alguma dimensão mas sem grandes hipóteses de lutar por títulos como Chicharito e Ricardo Rodriguez e italianos de classe como Petagna (das escolas do clube), Bernardeschi ou Spinazzolla.
Consigo assim, imaginar um “elenco” com: Donnaruma, Gabriel e Plizzarri; Abate, Calabria, De Sciglio e Rodriguez; Paletta, Romagnoli, Rodrigo Caio e Sokratis; Locatelli, Montolivo, Ramires, Paulinho, Poli, Bertolacci e Spinazzola; Suso, Deulofeu, Bonaventura e Bernadeschi; Chicharito, Petagna e Vido.