Estrelas sem títulos
Sempre gostei da Sampdória. Desde logo cresci numa altura em que a Samp, já não sendo concorrente à vitória do Scudetto era uma equipa de topo. Depois, é impossível ficar indiferente ao mítico equipamento da equipa de Génova e, ainda, ao seu estádio, também mítico, de recorte inglês, mas sempre com uma atmosfera muito latina. Algo que sempre me fascinou foi a capacidade que a Sampdória foi tendo de atrair grandes estrelas. Gullitt, Platt, Véron, Ortega ou Seedorf passaram por ali quando esta não era uma opção nada óbvia.
Com apenas 77 anos, os dias de maior glória da Samp foram no fim dos anos 80 e início dos anos 90. Se hoje, na Série B, a figura mais conhecida do clube é Andrea Pirlo, seu treinador e antigo e lendário médio italiano, em 1989-1990, quando venceu a Taça das Taças, a Sampdória contava com craques como Mancini, Vialli, Katanec, Lombardo, Vierchowod ou Pagliuca, além de ter no banco, Vujadin Boškov.
Cerca de um ano depois, a Samp vencia o único campeonato italiano da sua história, com a dupla Mancini-Vialli em grande destaque. No mesmo ano, 1991, a Sampdória venceria a Supertaça de Itália, à Roma, já com a ajuda de Toninho Cerezo e Paulo Silas. Em 1992, em Wembley, a Sampdória perdeu a final da Liga dos Campeões para o Barcelona.
Antes, vencera a Taça de Itália em 1985 (acumulado de 3-1 ao Milan com golos de Souness, Mancini e Vialli); 1988 (acumulado de 3-2 ao Torino com golos de Briegel, Vialli e Salsano) e 1989 (acumulado de 4-1 ao Nápoles com golos de Vialli, Toninho Cerezo, Vierchowod e Mancini) e estivara na final da Taça das Taças de 1989, perdendo 2-0 para o Barça de Julio Salinas e Lopez Rekarte. Em 1994, o último título da história do clube, uma Taça de Itália, num acumulado de 6-1 ao Ancona, numa altura em que Jugovic, Evani, Platt e Gullit moravam em Génova.
A nossa viagem pelos craques que passaram pelo clube, sem nada vencer, começa, pois, em 1994-1995. Com Eriksson no banco (chegara em 1992), a Sampdória ainda tinha Mancini, o seu grande goleador, bem como figuras mais recentes já referidas. A novidade era Sinisa Mihajlovic, vindo da Roma. A equipa perdeu a Supertaça para o Milan, com Gullit a marcar à ex e futura e equipa. A equipa chegou ainda às meias finais da Taça das Taças, sendo eliminada pelo Arsenal, nas grandes penalidades após um agregado de 5-5.
No ano seguinte, com o sueco no banco, chegaram Chiesa, da Cremonese, para se tornar também goleador e Maniero. No meio campo, dois jovens de penteados facilmente distinguíveis chegaram a Itália. Aos 25 anos, Christian Karembeu, a dois anos de ser campeão do mundo, deixou o Nantes e aos 20 anos, Clarence Seedorf, vencedor da Liga dos Campeões, deixou o Ajax. Nem assim, a Samp passou do mesmo oitavo lugar em que ficara na época anterior.
Em 1996-1997, a equipa subiu para o 6.º posto, começando a época com Eriksson mas acabando com o argentino Menotti. Montella, vindo do rival Génova, foi a grande contratação, marcando 24 golos na época, mais um do que marcara pelo outro clube da cidade. No meio-campo, Seedorf foi para Madrid e chegou outra estrela em ascensão: Juan Sebastian Véron, na sua estreia na Europa.
No ano seguinte, de novo, dois treinadores. Menotti começou e o regressado Boskov, melhor da história do clube. Hugo, defesa central português vindo do Braga, foi novidade tal como mais um francês de qualidade para o meio campo: Alain Boghossian. Ele e Karembeu seriam campeões do mundo no fim da época, como jogadores da Sampdória. Também Jurgen Klinsmann jogou de azul, fazendo apenas 10 jogos e 2 golos.
Em 1998-1999 mais dois treinadores, Spaletti e Platt. Véron, Boghossian e Karembeu deixaram Génova, mas chegou uma interessante novidade: Burrito Ortega, depois de ano e meio no Valência. A Samp desceu. Doriva, médio brasileiro ex-FCP, era o nome mais conhecido de então, mas o clube falhou a subida.
Em 2000-2001, com Francesco Flachi como figura, ele que marcaria 87 golos em 241 jogos pelo clube, a Sampdória falharia de novo a subida.
Em 2004, regresso à Série A. Em 2006, estreia de Fabio Quagliarella pelo clube, com 14 golos, ele que sairia, mas regressaria quase 10 anos depois para totalizar 293 jogos e 106 golos pela equipa. Em 2009-2010, destacou-se a dupla Pazzini-Cassano. Em 2011, após anos tranquilos e de lugar bastante cimeiros, a Samp cai. O regresso à Série A seria em 2012, com Icardi, Maxi Lopez e Eder. No ano passado, nova queda à Série A.