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Visão do Peão

Visão do Peão

Craques da bola, 16

Francisco Chaveiro Reis
12
Out19

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Mário Jardel Almeida Ribeiro, hoje com 46 anos, é uma lenda do futebol português, onde viveu os seus melhores momentos. Dava a sensação de ter peso a mais, de nem saber correr adequadamente, mas a verdade é que estava sempre no sítio certo. Estranhamente, a sua magia funcionou em Portugal e no Brasil, a espaços e Jardel nunca chegou a ter sucesso numa das grandes ligas.

Estreou-se como sénior no Vasco da Gama (depois do bicampeonato nos juniores) e “fez miséria”. 75 jogos e 36 golos. Por lá andavam Valdir (passaria pela Luz), Paulo Silas (tinha brilhado no Sporting) ou Carlos Germano, histórico guarda-redes vascaíno. Com três títulos cariocas no bolso, mudou-se para o Grémio. Em Porto Alegre, brilhou na Copa Libertadores da América de 1995, conquistada pelo Grémio. Em 91 partidas, 81 golos. Eram números impressionantes para um avançado de 22 anos.

Chegou às Antas no verão de 1996, para quatro anos de sonho: 168 golos em 175 jogos e a conquista de três campeonatos, duas taças e três supertaças. Servido por Zahovic, Drulovic ou Artur, Jardel tornou-se numa máquina goleadora. Pouco tempo depois de chegar à Europa, o FCP foi a San Siro vencer o todo-poderoso Milan por 2-3. Simone adiantou os da casa, Artur empatou e Weah (no jogo em que pisou Costa) deu nova e natural vantagem aos rossoneri. Saído do banco, Jardel faria os dois golos que dariam a vitória ao Porto. Outro jogo histórico foi em dezembro de 1997, ante do Juventude de Évora. Jardel entrou ao intervalo e marcou sete golos (incluindo um de “letra”) no 9-1 final.


Quando seria de esperar uma mudança para Espanha ou Itália, Jardel acabou na Turquia. Na estreia, vitória ante do Real Madrid e conquista da Supertaça europeia, com dois golos seus. Nada mau. Fez 33 golos, mas acabou por regressar a Portugal.


No verão de 2001, Jardel chega a Alvalade. No negócio, o Sporting enviou Spehar, Horvath e Mpenza para a Turquia e recebe um homem essencial no título desse ano. A formar dupla de sonho com João Pinto e ainda com o apoio de Viana, Bento ou Barbosa, o Sporting é campeão e Jardel marca 55 golos. Ficaria mais um ano e marca mais 12 golos mas entra em declínio. Suspeita-se do consumo de álcool e de drogas e do vício do jogo.
Começa então um loop de passagens relâmpago por Bolton, Ancona, N.O. Boys, Goiás, Beira-Mar, Anorthosis, Newcastle Jets, Ferroviário, América CE, Flamengo PI e Cherno More. Sem grande sucesso, durante anos, consegue, ainda assim, despedir-se com classe e com 18 golos em 17 jogos pelos sauditas do Al Taawon.
Pelos seniores, nunca convenceu os selecionadores brasileiros, ainda que a concorrência fosse forte e só jogou 10 vezes pelo Escrete, marcando 1 golo. Com duas Botas de Ouro no currículo, talvez merecesse mais e talvez fosse justa a chamada ao Mundial 2002 depois de 55 golos no Sporting. Edilson e Luizão ganharam a corrida.

Jardel venceu diversos prémios individuais: FFHS - Maior goleador do Mundo: 1999 e 2002; Bota de Ouro da UEFA - Maior goleador da Europa: 1999, 2002; Bota de Prata da UEFA: 1997; Bota de Bronze da UEFA: 2000; Bola de Ouro de Portugal: 1996–97, 1997–98 e melhor jogador do Campeonato Português: 1996–97, 1998–99, 2001–02.