Acabou ontem a época do Sporting, após empatar com o Benfica e falhar a possibilidade de ir à Liga dos Campeões, uma possibilidade já pequena, uma vez que dependia de um deslize do Sporting de Braga. O jogo de ontem foi um bom resumo da época, com altos e baixos. O Sporting começou bem e dominou completamente a primeira parte. Os golos de Trincão e Diomande só pecam por escassos. Um 3 ou 4-0 não seria mentiroso ante de um Benfica, claro, bem mais pressionado.

Na segunda parte, tudo mudou. A atitude do Benfica subiu e a do Sporting, foi por água abaixo, não ajudando as saídas de homens como Edwards ou Santos, mesmo que se entenda o cansaço. O Sporting fica num miserável 4.º lugar no campeonato, somando, em 33 jogos, 22 vitórias, 5 empates e 6 derrotas. Marcou 69 vezes e sofreu 31 golos, andando perto dos números do Braga, mas não dos do FCP e Benfica.

Na Taça, vergonhosa eliminação aos pés do Varzim. Na Taça da Liga, alguns momentos de grande classe, nomeadamente no 5-0 ao Braga, mas desilusão na final, perdida para o FCP. Na Europa, altos e baixos. Grande início de Liga dos Campeões, goleando o Frankfurt, na Alemanha, por 0-3 e vencendo o Tottenham, em casa, por 2-0. Depois, naquele que pareceram atos de autodestruição, o Sporting foi duplamente derrotado pelo Marselha, supostamente a pior equipa do grupo. 0-2 em casa e 4-1 fora, com 3 expulsões leoninas a não ajudarem a causa. Em Londres, 1-1 com os Spurs e na última jornada, derrota caseira com os alemães. Ao intervalo, o Sporting vencia e liderava o grupo. No fim, perdia 1-2 e estava fora das competições europeias e no fim do outro jogo do grupo, graças à derrota do Marselha, apurou-se para a Liga Europa. Por lá, o Sporting ainda sonhou. Primeiro, empate com o Midtjylland, retificnado com uma goleada fora, por 0-4. Depois, a eliminação do Arsenal, a equipa que então venceria o melhor campeonato do mundo. Em Alvalade, um 2-2, injusto para os leões. Em Londres, 1-1, com uma obra prima de Pedro Gonçalves. Nas grandes penalidades, vitória. O Sporting caiu aos pés da Juventus. 1-0 em Turim e 1-1 em Alvalade. O Sporting foi melhor, mas não marcou…

Continuo a achar que a época começou mal graças ao pobre planeamento. A fé e investimento em Saint Juste são justificados quando o defesa consegue não estar lesionado. Foi raro. As suas ausências pioraram com a lesão de Neto e só em janeiro, Diomande veio ajudar o setor. Entretanto, Reis teve que ser defesa e Inácio jogar na direita onde rende muito menos. A defesa, uma das forças do Sporting de Amorim, demorou a ser sólida. Contando com Adán, que começou a época lesionado e que acabou por falhar bem mais do que o normal.

Fatal, foi a saída de Nunes. Perdeu-se um dos melhores, muito mal rendido (quem se lembra de Sotiris?) e causou mal-estar entre treinador e direção que demorou a resolver-se se é que se resolveu. Morita foi obrigado a “crescer” mais depressa e a ser titular em vez de um bom suplente. Hoje, cumpre, mas demorou a adaptar-se a uma nova realidade. Ugarte rendeu bem Palhinha, mas também ele cresceu ao longo da época. Na frente, Amorim insistiu nas duas janelas em não trazer um goleador, apostando num ataque móvel, muitas vezes sem Pote, a fazer, mal, de Nunes. Trincão está agora a melhorar, mas nunca fez esquecer Sarabia.

Esta é época para se aprender bastante. É preciso manter o núcleo, sabendo que pelo menos uma venda é inevitável. O importante para qualquer equipa portuguesa é ter em linha substituídos à altura. Quando quer, o Sporting é uma grande equipa. Que o queira mais vezes no próximo ano e com 3 ou 4 reforços, podemos sonhar.