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Visão do Peão

Visão do Peão

Andy Cole

Heróis esquecidos

20.01.25

É difícil defender Andy Cole como um herói esquecido, quando é uma lenda do Manchester United e se deixou boas memórias goleadoras nos adeptos do Newcastle. Mas a verdade é que mesmo com números impressionantes, Cole nunca jogou num grande torneio por Inglaterra. 

Cole, que muito jeito daria hoje ao United, nasceu em Nottingham, tendo origens jamaicanas, e começou a jogar nas camadas jovens do Arsenal. Só fez um jogo pela equipa principal, fazendo parte do plantel que foi campeão, antes de ser emprestado ao Fulham. Seguiu-se o Bristol, onde fez 20 golos em época e meia.

Seguiu-se o Newcastle onde teve impacto imediato com 12 golos em 12 jogos, em 1993, sendo campeão da segunda divisão. Na época seguinte, já na primeira divisão, fez 41 golos em 46 jogos, brilhando numa equipa que tinha ainda Beardsley e Lee. Ficou apenas mais meio ano, marcando mais 15 golos. 

Saltou para o Manchester United em janeiro de 1995, passando lá 7 épocas, marcando 121 golos. Ajudou a vencer uma Liga dos Campeões, uma Taça Intercontinental, 5 Premier Leagues, 2 Taças e 2 Supertaças. Começou a usar a camisola 17, marcando 12 golos. Na primeira época completa, marcou 13 golos ao lado de Cantona e venceu a Premier League e a Taça (0-1 ao Liverpool, em Wembley). Em 1996-1997, usou a camisola 9 pela primeira vez no United e apesar de se ficar pelos 8 golos, venceu nova Premier e mais uma Supertaça (4-0 ao Newcastle). 

"Explodiu" na época seguinte, marcando 25 golos, fazendo dupla com Teddy Sheringham. Venceu apenas a Supertça. No ano seguinte, chegou a sua alma gémea goleadora, Yorke e a dupla "arrasou". Cole marcou 24 vezes (Yorke, 29) e a equipa ganhou quase tudo: Premier, Taça e Liga dos Campeões. Em 1999-2000, mais 22 golos, uma Premier e a Intercontinental. Fez mais 18 golos em época e meia. 

Na fase descendente da carreira passou por Blackburn Rovers, onde reencontrou Yorke (37 golos em duas épocas e meio); Fulham (13 golos numa época), Manchester City (10 golos numa época), Portsmouth (4 golos em em meia época), Birmingham (1 golo em meia época), Sunderland (0 golos em meia época), Burnley (6 golos em 13 jogos) e Nottingham Forest, onde não marcou e se retirou aos 37 anos. 

Por Inglaterra, apenas 15 jogos e 1 golo, num 1-3 à Albânia. Em 1994, a Inglaterra não se conseguiu classificar para o Mundial e, apesar dos 41 golos em 1993-1994, Cole ainda nem se tinha estreado. No Euro 1996, Terry Venables chamou Shearer, Sheringham, Fowler e Les Ferdinand. Cole só tinha uma internacionalização, apesar de ter marcado 13 golos na época antes do Euro. Em 1998, acabara de marcar 25 vezes mas Glenn Hoddle decidiu que Cole precisva de demasiadas oportunidades para marcar e levou Shearer, Sheringham, Owen e Les Ferdinand. Em 2000, estava lesionado e em 2002, foi novamente ignorado e retirou-se da seleção. 

 

 

Jordi

Heróis esquecidos

17.01.25

Filho de pais neerlandeses, chamou-se Jordi, porque os pais viveram vários anos na Catalunha. O sobrenome não deixava dúvidas sobre a proveniência: Cruyff. Comparado com o pai, Jordi não tinha talento. Mas comparando com a normalidade das pessoas, Cruyff filho foi um belo futebolista, internacional pelos Países Baixos e com passagens, por mérito próprio, por Barcelona ou Manchester United. 

Nascido há 50 anos em Amsterdão, não admira que tenha começado a jogar nas escolas do Ajax, tendo estado nos sub-15 do clube com Edgar Davids. Mudou-se para Barcelona e juntou-se aos sub-17 do Barça em 1988. Em 1992-1993 esteva na equipa B, com Sergi, Óscar ou Quique Martin. Na época seguinte, já com De La Peña e Celades, jogou mais e melhor. Em 1994-1995, o pai, feito treinador de grande sucesso, chamou-o. Jordi aproveitou e bem. 36 jogos, 9 golos e uma assistência, ao lado de Busquets, Ferrer, Nadal, Sergi, Bakero ou Amor. Coletivamente, a equipa apenas venceu a Supertaça. Jordi jogou na segunda mão, na derrota por 4-5 em casa, com o Saragoça de Esnaider e Poyet. Na época seguinte, só foi utilizado 18 vezes, marcando 2 vezes ao lado de Kodro, Figo ou Popescu. Não admirou que tenha saído, em busca de mais minutos. 

O capítulo seguinte foi o Manchester United, onde recebeu a camisola 14, mítica para a sua família. Beckham, Giggs e Cantona eram titulares e estrelas da companhia, e Jordi era um bom suplente. Na estreia, 3 golos em 22 jogos, vencendo a Premier League e a supertaça. Na época seguinte, mais uma supertaça, mas apenas 8 jogos, devido a lesões que não o largariam. Fez mais meia época em Inglaterra, antes de um regresso a Espanha, para meia época no Celta de Vigo. Em 1999-2000, mais 3 golos em 17 jogos.

Seguiram-se três bons anos no Alavés. Fez 7 golos em 45 jogos na primeira época. O seu Alavés foi à final da Taça UEFA, perdendo 5-4 com o Liverpool. Fez mais 4 golos em 65 jogos. Regressou a Barcelona para um ano no Espanhol, para mais 3 golos em 30 jogos. Terminou a carreira após duas épocas no Metalurh Donetsk da Ucrânia e uma no Valletta FC, onde venceu taça e supertaça de Malta e marcou 10 golos. Retirou-se aos 36 anos.

Jogou 9 vezes pela Holanda, marcando 1 golo. Todos os jogos que fez pelo seu país, foram em 1996. Estreou-se em abril, na derrota caseira com a Alemanha (que viria a ser campeã europeia). O seu único golo seria já em pleno Euro, no 0-2 à Suíça treinada pelo malogrado Artur Jorge. Despediu-se em outubro, num 1-3 no País de Gales. Jogou ainda 9 vezes pela Catalunha, marcando 2 vezes.

 

 

Edwards no fim da linha

Falhou concentração

16.01.25

Marcus Edwards, fruto das escolas do Tottenham, chegou a Guimarães em 2019 para relançar a carreira, após marcar passo em Inglaterra e Holanda, emprestado pela casa mãe. Desde logo soltou a sua classe e não surpreendeu ninguém que um grande de Portugal o contratasse. Em janeiro de 2022, juntou-se ao Sporting para 15 jogos, 3 golos e 2 assistências. Sempre teve momentos de ausência mas passando a usar a camisola 10, fazendo 95 jogos, 18 golos e 16 assistências, apesar da concorrência de Pote e Trincão nas alas. O passo lógico seria uma venda milionária a um clube da Premier League. Mas não aconteceu e Edwards começou a época de novo, em Alvalade. Mas ao longo dos tempos, o seu compromisso parece ir-se reduzindo e há dias terá falhado a concentração da equipa para a final da Taça da Liga (!!!!).

Dani

Heróis esquecidos

14.01.25

Daniel Carvalho só não é um dos melhores jogadores portugueses de sempre, porque não quis. Começou no Sporting, passou por Inglaterra, Holanda, Espanha e seleção portuguesa, mas aos 27 anos, já estava reformado.

Filho de uma família com posses, nunca teve propriamente necessidade de lutar por nada. Quase por acaso, foi descoberto na praia e juntou-se às camadas jovens do Sporting. Cedo se destacou e na senda de Futre ou Figo, o extremo começou a ser perspetivado como o próximo grande extremo a sair das escolas leoninas. Com efeito, pensou-se que seria ele render Luís Figo, após a sua saída, no verão de 1995. Na estreia, fez 4 jogos e viu, do banco, o Sporting vencer a Taça. No ano seguinte, com Figo já no Barcelona, não teve o protagonismo que esperava. A meio da época mudou-se para a Premier League. Desde logo, conquistou as inglesas, com as quais teve muitas e longas noites de farra, para desespero de Harry Rednapp. Fez 2 golos e 2 assistências em 9 jogos e apesar dos seus escapes, não terá jogado mais porque não havia dinheiro para o contratar em definitivo. Ainda assim, conviveu com Peter Shilton, Bilic ou Moncur e ainda com os jovens talentos, Rio Ferdinand e Frank Lampard. 

O seu próximo destino seria Amsterdão, depois de Johan Cruyff se ter apaixonado por ele e até ter pedido que a sua camisola 14 voltasse a ser usada em campo. Reforçou o Ajax de Van Gaal e juntou-se a uma legião de estrelas: Van der Sar, Blind, irmãos De Boer, Litmanen, Overmars ou Kluivert. Na primeira época na ArenA, 7 golos e apenas a chegada à meias da Liga dos Campeões. Na segunda, 5 golos e a conquista de campeonato e taça. Na terceira, apenas 1 golo e mais uma Taça. Ficou mais um ano, marcando mais 4 golos e nada vencendo. A espaços entusiasmou a estrutura e os adeptos, mas a prioridade parece sempre ter sido a vida noturna. 

Voltou a Lisboa para jogar pelo Benfica, mas o treinador que o quis, Mourinho, deixou a Luz e Dani só jogou por 4 vezes pelo rival do clube que o formou. Não deixou saudades e rumou a Madrid, a pedido de Paulo Futre, então diretor desportivo do Atlético, a lutar para deixar a segunda divisão. Com Hugo Leal a seu lado e a servir o adolescente Fernando Torres, encantou os adeptos mas o Atléti não conseguiu subir. Na época seguinte, fez 6 golos e ajudou o clube a ser campeão. Apesar da subida a La Liga, o Atlético quis descer-lhe o ordenado (e a vários colegas) e Dani, a quem parece sempre ter faltado garra, não aceitou e foi ficando, ignorado, fazendo apenas 12 jogos e retirando-se, aos 27 anos.  Pela seleção A, apenas 9 partidas. Estreou-se em dezembro de 1995, em Wembley, num empate a 1 contra a Inglaterra de Seamen, Gascoine ou Shearer. Já em 1996, teve a segunda internacionalização em pleno Parc des Princes, numa derrota por 3-2. Jogou 3 vezes na qualificação falhada para o Mundial de 1998 e mais 1 na qualificação para o Euro 2000. Em março de 2000, na preparação para o Euro, despediu-se da seleção, numa vitória por 2-1, em Leiria, contra a Dinamarca. Os melhores dias da carreira terão sido pelas camadas jovens de Portugal pelas quais fez 14 golos em 35 jogos. Em 1994, marcou 1 golo em 3 jogos no Euro de sub-18; em 1995, marcou 4 vezes no Mundial de sub-20, sendo o segundo melhor jogador de um torneio em que Portugal perdeu nas meias finais para o Brasil e venceu a Espanha no jogo de atribuição do terceiro lugar; em 1996, esteve no Euro sub-21, no Torneio de Toulon e nos JO de Atlanta, nos quais Portugal falhou a medalha de bronze, sendo esmagado pelo Brasil de Bebeto e Ronaldo no jogo decisivo, depois de ter sido afastado nas meias pela Argentina de Crespo de Ortega.