Na próxima semana, o mítico Maracanã recebe a final da Libertadores da América, a versão sul-americana da Liga dos Campeões. Em “casa” jogará o Fluminense. “Fora” jogará o Boca Juniors. Mas pouco. Está prevista a presença de mais de 100 mil argentinos no Rio de Janeiro e a grande maioria não terá bilhete.
Nas últimas quatro edições, o Brasil esteve em grande, com figuras portuguesas a fazerem também a festa. Em 2019, o Flamengo de Jorge Jesus bateu o River Plate, num encontro entre os maiores rivais dos finalistas deste ano. Em 2020 e 2021 foi a vez de Abel Ferreira e o seu Palmeiras fazerem a festa. Em 2020, vitória sobre o Santos e em 2021, sobre o Flamengo. No ano passado, vitória do Mengão sobre o Athlético Paranaense.
Argentina e Brasil são as grandes potencias da prova. As equipas argentinas somam 25 títulos e ainda 12 presenças em finais. Já os brasileiros têm 22 vitórias e mais 18 presenças em finais. Em termos de clubes, o recordista é o Independiente com 7 títulos, seguido do Boca Juniors com 6; Penarol com 5 e Estudiantes e River Plate com 4. Grémio, Nacional, Olimpia, Santos, São Paulo, Palmeiras e Flamengo têm 3. O melhor que o Fluminense conseguiu foi chegar à final de 2008.
O Boca Juniors estreou-se a vencer a Libertadores em 1977. Depois de 1-0 do Cruzeiro em Belo Horizonte, um 1-0 do Boca em Buenos Aires. A finalíssima jogou-se em Montevideu e depois de um 0-0, o Boca Juniors venceu nas grandes penalidades. No ano seguinte, nova final, contra o Deportivo Cali. Na segunda mão, após um 0-0 na Colômbia, 4-0, com dois golos de Hugo Perotti (pai de Diego que jogou no Sevilha, Roma ou Génova), um de Ernesto Mastrángelo e outro de Carlos Salinas. No ano seguinte, nova presença na final e derrota ante dos paraguaios do Olimpia.
O terceiro título continental surgiu apenas em 2000, seguindo-se mais três títulos até 2007. Em 2000, 2-2 em Buenos Aires ante do Palmeiras. O defesa Rodolfo Arruabarrena marcou os dois golos dos da casa. Pena e Euller marcaram pelos brasileiros. No Brasil, 0-0 e o Boca venceu nas grandes penalidades. Era uma geração com Ibarra, Samuel, Riquelme, Palermo e os irmãos Barros Schelotto. Em 2001, vitória no mítico Estádio Azteca por 0-1 ante do Cruz Azul, com golo de Marcelo Delgado. Os mexicanos venceram de igual modo em Buenos Aires e o Boca só foi campeão nas grandes penalidades, mais uma vez. Em 2003, Delgado voltou a marcar e logo duas vezes, na primeira mão contra o Santos de Robinho e Diego. Na segunda mão, 1-3, com mais um golo de Delgado, um de Tevez e um de Schiavi a fechar. Em 2004, nova final e derrota, nas grandes penalidades, ante dos colombianos do Once Caldas. Em 2007, a última vitória do Boca num total de 5-0 ao Grémio. Na primeira mão, 3-0 com golos de Riquelme e Palacio e autogolo de Patrício. Em Porto Alegre, Riquelme bisou.
Já a história do Flu é bem mais modesta. Só uma vez esteve na final e perdeu-a. Em 2008, perdeu 2-4 em Quito, ante da LDU. De nada valeram os golos de Thiago Neves e Dario Conca ante dos de Bieler, Guerrón, Campos e Urrutia. Na segunda mão, Bolanos ainda adiantou os equatorianos mas foi Thiago Silva a estrela, com três golos. Com 5-5, a Copa foi para as grandes penalidades e os brasileiros perderam.
A partida de dia 4 é oportunidade para que o Flu possa ser campeão pela primeira vez. O Fluminense é agora liderado por Fernando Diniz, que acumula como selecionador do Brasil até à chegada de Carlo Ancelotti e conta com craques como Nino, Ganso, Keno ou Arias e eliminou Internacional, Olimpia e Argentinos Juniors depois de ter vencido um grupo onde tinha o River Plate, Sporting Cristal e The Strongest.
Já o Boca é orientado por Jorge Almiron, antigo médio que jogou sobretudo no México e conta com Cavani como estrela maior. Benedetto, Villa ou Advincula (jogou no Setúbal) são outros nomes reconhecíveis, além de Barco, uma das grandes promessas do futebol argentino. Nesta edição, eliminou Palmeiras, Racing de Avellaneda e Nacional depois de ter vencido o seu grupo, que tinha Deportivo Pereira, Colo Colo e Monagas.