Visão do Peão

Passou uma vida no Ajax, jogou no Barcelona e foi uma das figuras de uma grande equipa do Bordéus. Richard Witschge, hoje com 53 anos, começou no Ajax, onde jogou cinco épocas entre 1986 e 1991. Na primeira época, fez apenas 3 jogos, vendo o seu irmão, Rob, ser titular de uma equipa que incluía Bergkamp, Van Basten, Winter ou Blind e que venceu a Taça das Taças e a supertaça holandesa. Na segunda temporada, passou para os 14 golos e estreou-se a marcar, encontrou Marcel Keizer num plantel que terminou em segunda no campeonato, Taça das Taças e Supertaça Europeia. Na terceira época subiu para os 15 jogos e em 1989-1990 assumiu-se como titular, ajudando o Ajax a ser campeão. Ficaria mais uma época e mudar-se-ia para Barcelona, onde reencontrou Johan Cruyff que o treinara em Amsterdão. Na estreia, esteve em 30 jogos, convivendo com Koeman, Eusebio, Guardiola ou Bakero e venceu a liga espanhola, a supertaça espanhola e a Liga dos Campeões, no 1-0 à Sampdória. Suplente, ficou apenas mais um ano, engordando o seu palmarés com mais uma liga, uma supertaça espanhola e uma supertaça europeia.

Seguiu-se o Bordéus, onde encontrou Dugarry, Zidane, Dib ou Lizarazu. Fez mais de 50 jogos em França e passou ainda, sem sucesso pelos Blackburn Rovers. Regressou aos Girondins a tempo de fazer uma grande época…europeia. Fez mais de 50 jogos nesse ano, mas não evitou um modesto 16.º lugar no campeonato. Nas taças internas, o Bordéus nem chegou aos oitavos de final. Na Taça UEFA, o clube chegou à final. Vardar (Macedónia), Rotor (Rússia) ao qual marcou, Bétis e Milan caíram aos pés do Bordéus, sendo que o poderoso Milan de Weah, Baggio ou Savicevic foi goleado em França por 3-0. Na final a duas mãos, derrotas com o Bayern que esmagara o Benfica. Venceria, no entanto, a modesta Taça Intertoto.

Em 1996, Witschge regressaria ao Ajax para mais cinco anos, 139 jogos e 12 golos. Até 2001, venceria um campeonato e duas taças. Nesse tempo, conheceu novos talentos da escola do Ajax, como Overmars ou Van der Sar. Voltou a sair para Espanha para uma época no Alavés, onde jogou com Jordi Cruyff e regressou ao Ajax para uma última época, com Ibrahimovic, Van der Meyde ou Pienaar. Passou pelo ADO ’20 e acabou nos japoneses do Oita Trinita, em 2004.

Jogou 31 vezes pela Holanda, fazendo 1 golo (em 1991, a Portugal de César Brito, Rui Barros o Nelo). Esteve no Mundial de 1990 e no Europeu de 1996. Em março de 1992, fez 90 minutos contra a Jugoslávia, ao lado do irmão, numa vitória por 2-0.

Morreu ontem o Comendador Rui Nabeiro, um dos homens bons do país, que deixa obra económica e social. Como tudo em Campo Maior, também o futebol teve relevância, graças a si. A Delta foi dinamizadora dos melhores anos do Campomaiorense e depois do próprio Rui Nabeiro ter sido presidente, seguiu-se a presidência do filho, João Manuel Nabeiro, que modernizou o clube e o levou à final da Taça de Portugal. Apesar do clube local ter atuado com listas à Sporting, Rui Nabeira era benfiquista e sócio há mais de 50 anos.