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Visão do Peão

Visão do Peão

Élber

Heróis de Culto

23.07.22

 

Brasileiro com grande parte da carreira passada na Bundesliga, Élber foi um dos grandes avançados a atuar no mítico Estádio Olímpico de Munique. O goleador jogou lado a lado com lendas como Kahn, Mathaus, Scholl ou Effenberg e pode orgulhar-se do seu percurso.

Élber Giovane de Souza, que hoje completa 50 anos, iniciou a carreia no modesto Londrina, tendo logo chamado a atenção do poderoso Milan, onde chegou adolescente. Com concorrência de peso – Van Basten, Massaro ou Simone – não teve oportunidades e passou três épocas na Suíça. Pelos Grasshoppers marcou 57 vezes e conheceu Sutter, Vega, Sforza ou Zuberbühler. Despediu-se em 1994 com a vitória na Taça da Suíça.

No verão de 1994 chegou a Estugarda para fazer dupla com Bobic. No primeiro ano, com o compatriota Dunga no onze, marcou 8 vezes. No seguinte, já com a ajuda de Balakov, dobrou o número. No terceiro, já com Soldo na equipa, fez 20 golos e venceu a Taça da Alemanha, marcando os dois únicos golos da final de Berlim.

Aos 25 anos, estava preparado para o topo e assumiu-se como titular do Bayern, ao lado de Jancker. Para começar, 21 golos e a conquista da taça e da taça da liga. Não chegou para ser chamado para o Mundial. Ao segundo ano, mais 21 golos, nova taça da liga e a sua primeira Bundesliga. Jogou ainda aquela final da Champions, perdida nos últimos segundos. À terceira, “apenas” 19 golos e o triplete: campeonato, taça e taça da liga. Em 2000-2001 voltou à marca dos 21 golos e venceu a Liga dos Campeões (diante do Valência), além da Bundesliga e mais uma taça da liga. Na época seguinte, 24 golos e a conquista da Taça Intercontinental (1-0 ao Boca Juniors, de Riquelme). Na última época completa, 31 golos e a conquista da Bundesliga e da taça alemã. Ainda iniciou a época seguinte, marcando 2 vezes em 5 jogos e partiu para França.

Pelo Lyon, numa fase descendente, ainda fez 17 golos em quase duas épocas, ajudando a vencer dois campeonatos e duas taças. Tinha ao seu lado uma pequena constelação: Gouvou, Malouda, Essien, Juninho, Caçapa ou Edmilson. Sem sucesso e sem golos, ainda passou pelo Borussia Mochengladbach antes de regressar ao Brasil. No Cruzeiro, aos 36 anos, fez 12 golos e retirou-se em glória.

Fez 15 jogos pelo Brasil e marcou 7 vezes, não jogando nenhum Mundial sénior. Em 1998, esteve na Gold Cup, onde fez 2 golos em 3 jogos, numa prova em que o Brasil seria terceiro. Pelas camadas jovens, esteve no Mundial de sub-20 jogado em Lisboa, chegando à final. Marcou 4 vezes.

Sonny Anderson

Heróis de Culto

21.07.22

 

Anderson da Silva Nilmar mais conhecido como Sonny Anderson teve uma carreira de sucesso na Europa. Começou no XV de Jaú e passou depois pelo Vasco da Gama onde tinha Bebeto ou Roberto Dinamite a tapa-lo e pelo Guarani. 23 golos e um campeonato (pelo Vasco, em 1989) depois mudou-se para a Europa.

No Servette, passou ano e meio. Na estreia, 18 golos. Na meia época, seguinte, a fazer dupla com o compatriota Sinval fez 13 golos e foi campeão. Saiu a meio da época para se juntar ao Marselha, onde marcou 16 golos ao lado de Rui Barros, Futre, Filipe Azevedo, Voller ou Boksic. Seguiram-se três grandes anos no Mónaco, onde foi campeão uma vez e marcou um total de 67 golos. Jogou com Henry, Trezeguet, Ikpeba, Scifo ou Petit.

De 1997 a 1999 esteve no Barcelona, o maior desfaio da sua carreira. Fez 21 golos nos pós Ronaldo, fazendo dupla com Giovanni e sendo servido por Figo, Rivaldo ou Luis Enrique. Não era a estrela da companhia, mas ajudou a vencer uma liga, uma taça e uma supertaça europeia. Foi em Lyon, nos quatro anos seguintes que recuperou a sua aura de herói, fazendo 94 golos e vencendo duas ligas, uma taça da liga e uma supertaça. Regressou a Espanha aos 33 anos para 24 golos pelo Villarreal. Acabou a carreira no Catar com 24 golos pelo Al-Rayyan e 6 pelo Al-Gharafa.

Pelo Brasil, nunca jogou um Mundial como sénior. Fez 1 golo em 8 jogos, dois deles na Taça das Confederações de 2001. Representou o Brasil no Campeonato Mundial Sub-16 de 1987, no Campeonato Sul-Americano Sub-20 de 1988 e na Copa do Mundo FIFA Sub-20 de 1989.

O legado de Lewa

Oito anos no Bayern

19.07.22

 

Robert Lewandowski é, oficialmente, jogador do Barcelona. Para trás, fica uma experiência de doze anos na Bundesliga, com destaque para oito no Bayern de Munique. Apesar de saída parecer ter sido mais amarga do que a relação merecia, a história do polaco na Baviera, está bordada a ouro.

Depois de 103 golos (não ficou longe do top 10 de melhores marcadores de sempre BVB) em 183 jogos pelo Borussia Dortmund, clube pelo qual venceu dois campeonatos, uma taça e uma supertaça, mudou-se para o grande rival, Bayern. E em Munique quebrou vários recordes: primeiro jogador que saiu do banco e marcou cinco golos num jogo; póquer mais rápido da história da Liga dos Campeões; primeiro jogador estrangeiro a marcar 30 golos em uma única edição da Bundesliga;  primeiro jogador a marcar em 11 jogos  consecutivos da liga alemã; estrangeiro com mais golos na história da Bundesliga; primeiro jogador a ser o melhor marcado da Liga dos Campeões, campeonato nacional e taça na mesma época e jogador com mais golos numa única edição da Bundesliga, superando o mito, Gerd Muller. Marcou 344 golos em 375 jogos tornando-se no segundo melhor marcador da história do clube. E os seus golos foram essenciais para que o Bayern chegasse a vários títulos nos últimos oito anos: mundial de clubes, liga dos campeões, supertaça europeia, oito campeonatos, três taças e cinco supertaças.

É legítimo que Lewandowski queira experimentar jogar noutra liga e viver noutro país e o Barcelona é sempre apetecível mesmo que troque um clube estável por um clube instável. É legítimo que o Bayern tenha querido manter um jogador que tinha contrato. Mas, Lewandowski fica para a história como um dos melhores jogadores que passaram pela Baviera.

Ailton

Heróis de Culto

19.07.22

 

Olhando para Ailton, não se via um futebolista típico. O brasileiro, hoje com 49 anos (feitos hoje), dava ideia de ser atarracado e com algum peso a mais, mas quando entrava em campo, era “bom de bola”. Aílton Gonçalves da Silva começou a carreira no seu Brasil natal, começando no Mogi Mirim, em1994. Marcaria depois 16 vezes pelo Ypiranga antes de chamar a atenção do Inter de Porto Alegre. Passaria por Santa Cruz e por Guarani, onde foi novamente goleador: 34 golos em 63 partidas. A chegada à Europa não aconteceria sem uma paragem no México, marcando 5 vezes pelo Tigres.

Chegou à Bundesliga em 1998 para seis grandes épocas no Werder Bremen: 106 golos em 214 jogos. Na estreia, fez 13 golos e marcou apenas 2 vezes, tendo feito parte do plantel que venceu a Taça da Alemanha e a Taça Intertoto. Nas épocas seguintes faria 16, 17 e 20 golos. 2003-2004 seria a sua melhor época de sempre, com 34 golos em 43 jogos, o título de melhor marcador da Bundesliga e a conquista do campeonato alemão que escapava ao Bremen desde 1993 e que não mais voltou a conquistar. Nessa época de sonho, o Bremen venceu ainda a Taça da Alemanha, batendo o Alemannia Aachen por 3-2. Eram os tempos de uma grande equipa que incluía ainda Ismael, Ernst, Micoud, Borowski, Klasnic, Valdez ou Charisteas. Seduzido pelo projeto do Shalke 04, Ailton mudou de clube na Alemanha e teve sucesso, marcando 20 golos. Porém os “mineiros” ficaram em segundo lugar na Bundesliga, a 14 pontos do Bayern e em segundo na Taça, perdendo para o mesmo adversário. Ainda assim, eram dias de um grande Shalke 04, com Rost, Bordon, Hamit Altıntop, Asamoah ou Sand. Depois desta época, a carreira de Ailton começou a decrescer.

Mudou-se para o Besiktas (18 jogos/7 golos), regressou meia época depois à Bundesliga, para o Hamburgo (13/3), passando depois pelo Estrela Vermelha (13/4), onde foi campeão. Seguiram-se Grasshoppers, Duisburgo, Metalurh Donetsk, Altach, Campinense, Chongqing Dangdai, KFC Uerdingen 05, FC Oberneuland e Rio Branco. Após anos de insucesso, acabou a carreira com bons números, em 2012-2013, marcando 19 golos pelo modestíssimo Hassia Bingen, da sexta divisão alemã.

Com tanta concorrência, nunca foi internacional.

USA 94

Foi há 27 anos

17.07.22

O Mundial 94 acabou há 27 anos no Estádio Rose Bowl, em Pasadena, perto de Los Angeles. Para uma geração como a minha, foi a primeira grande competição que vivemos com intensidade. Foi o Mundial de Romário e Bebeto, goleadores e vencedores, mas também o foi de Roberto Baggio, o maior derrotado daquele verão. Foi um Mundial num país que não dava assim tanta importância ao jogo, mas que organizou o melhor torneio até então. Foi o Mundial da Bulgária e da Suécia. Foi o Mundial dos equipamentos míticos. Foi o Mundial dos 5 golos de Salenko aos Camarões.O Mundial realizou-se entre 17 de junho e 17 de julho, contando com 24 equipas. Em 52 partidas, viram-se 141 golos, numa média de quase 3 por jogo e estiveram nas bancadas, por jogo, em média, mais de 68 mil pessoas. Romário (Brasil) foi o melhor jogador; Salenko (Rússia) e Stoichkov (Bulgária) foram os melhores marcadores com seis golos cada um; Overmars (Holanda) foi o melhor jovem e Preud´homme (Bélgica) foi o melhor guarda-redes, pouco antes de se mudar para o Benfica.

Fase de grupos

O jogo inaugural disputou-se em Chicago, com Klinsmann que teria depois uma ligação como treinador aos EUA a fazer o 1-0 final da Alemanha ante da Bolívia. Mas, vamos por grupos. O A, venceu a Roménia, com o seu mítico equipamento adidas, do mesmo design do usado por Bulgária e Suécia, também em destaque. A equipa de Hagi, Raducioiu, Lupescu, Popescu ou Petrescu levou a melhor sobre a Suíça, EUA e Colômbia. Os suíços, com Chapuisat, Sforza ou Sutter, acabaram por não ser tão recordados como os EUA, que contavam também com dois equipamentos míticos adidas e figuras únicas como Meola, Lalas, Tab Ramos, Cobi Jones ou Wynalda. A Colômbia, mesmo como Higuita, Valderrama, Valência, Rincón ou Asprilla ficou em último e Escobar, defesa que marcou um autogolo, acabou por ser assassinado no regresso a casa, sem que pareça que haja ligação. No B, passaram Brasil e Suécia. O Brasil, que seria o vencedor final, venceu dois jogos e empatou um, justamente com os suecos. A Suécia, de Brolin, Larsson e Dahlin acabou por levar a melhor do que a Rússia, mesmo com os históricos 5 golos num jogo de Salenko e Camarões, que ainda contavam com Milla, de 42 anos.

O grupo C, esse, venceu-o a Alemanha, de Klinsmann (5 golos na prova) e Hassler (5 assistências), superando a Espanha, ainda longe do sucesso que teria mais de dez anos depois, mas sempre com bons jogadores, como Salinas, Luis Enrique, Guardiola ou Zubizarreta. Pelo caminho, sem surpresa de maior, ficaram Coreia do Sul (de Seo Jung-won, que treinou à experiência no Benfica) e a Bolívia de Sanchez, figura histórica do Boavista. No D, outro destaque da prova e outro equipamento mítico: a Nigéria de Yekini (Setúbal), Amokachi, Siasia (passaria pelo Tirsense) ou Amunike (viria para o Sporting) venceu o grupo à frente da Bulgária, grande surpresa do Mundial e que contava com Stoichkov, Balakov, Kostadinov ou Iordanov. Em terceiro, mas garantido a passagem, ficou a Argentina, num Mundial que ficou marcado pelo afastamento de Maradona, num caso de dopping. Maradona liderava um plantel que contava com Caniggia, Balbo, Batistuta ou Redondo. A Grécia, ficou em último com três derrotas e sem golos marcados.

No grupo E estava a Itália que tal como Argentina ou EUA apurou-se em terceiro lugar no seu grupo, tendo começado a perder com a República da Irlanda de Cascarino, Keane e Irwin. O México de Hugo Sanchez em final de carreira venceria o grupo e a Noruega ficaria em último. Por fim, o grupo F, onde Países Baixos, Arábia Saudita e Bélgica seguiram em frente, com 6 pontos, deixando Marrocos para trás.

 

Eliminatórias

Nos oitavos, a Alemanha bateu a Bélgica por 3-2 com bis de Voller e outro de Klinsmann contra golos de Grun e Albert e a Espanha aplicou um 3-0 à Suiça com golos de Hierro, Luis Enrique e Txiki Begiristáin, esse mesmo que hoje é diretor desportivo do City. No dia seguinte, Arábia Saudita 1 – Suécia 3 e um surpreendente 3-2 da Roménia à Argentina, com bis de Dumitrescu. A 4 de julho, pouca festa para os EUA, mesmo que uma derrota por apenas 1-0 com o Brasil nem seja mau resultado. No mesmo dia, Jonk e Bergkamp derrotaram a República da Irlanda. Por fim, a 5 de julho, apuraram-se Itália (bis de Baggio contra golo do nigeriano Amunike) e Bulgária, que venceu o México nas grandes penalidades.

 

Nos quartos, já com Bebeto a embalar o bebé que nascera a 7 de julho (Matheus, hoje no Mafra), o Brasil venceu a Holanda por 3-2 com golos de Romário, Bebeto e Branco contra Bergkamp e Winter. O encontro seguinte em mundiais, seria quatro anos depois, nas meias. Golos de Dino e Roberto Baggio afastariam a Espanha, que ainda marcou por Caminero e em New Jersey, a Alemanha caia aos pés da Bulgária, graças a golos de Stoichkov e Letchkov. Os quartos ficariam completos com a eliminação da Roménia, uma das equipas mais interessantes do torneio. Florin Raducioiu bisou contra golos de Brolin e Kennet Anderson e nas grandes penalidades, 4-5 para os suecos.

Novamente em New Jersey, a Bulgária não conseguiu bater a Itália. Roberto Baggio bisou em 5 minutos e a Itália seguiu em frente, de nada valendo o golo da estrela Stoichkov. No outro jogo, Romário fez o único golo da partida, em Pasadena, e a Suécia caiu nas meias. No jogo que decidiu o terceiro lugar, a Bulgária deu de si e acabou goleada pela Suécia, por claros 4-0.

Na grande final, 0-0 em jogo tático e o resto é história. Nas grandes penalidades, marcaram Albertini e Evani, falharam Baresi, Massaro e Roberto Baggio para a Itália, falhou Márcio Santos e marcaram Romário, Branco e Dunga para o Brasil. O Brasil foi tetra e chegaria à final em 1998, vencendo o seu quinto troféu em 2002. A Itália, que este ano nem estará no Mundial, voltou a uma final em 2006, para a vencer.

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