O terrível trajeto da seleção nacional no Mundial é uma excelente oportunidade para repensar não apenas as forças que orientam as convocatórias mas mais importante ainda o futuro do futebol português ao nível da formação. A falta de opções que desemboca nos lugares-cativos que fabricam uma seleção apática, advém largamente do desincentivo à aposta na formação. Olhando os plantéis das equipas da primeira divisão portuguesa constata-se a predominância de jogadores brasileiros, de outras nacionalidades sul-americanas e africanos. Os jovens jogadores formados nos clubes portugueses na sua transição para a categoria de profissional, altura em que transitariam para o plantel principal dos seus clubes, encontram uma muralha erigida pelo facilitismo da contratação de jogadores já formados oriundos de mercados apetecíveis e que alimentam a máquina dos empresários. Enquanto não se olhar de frente o problema dos plantéis sem jogadores portugueses e se tomar finalmente uma medida séria que limite o número de contratações e exija um número mínimo de portugueses em cada 11 inicial estaremos a ver o futebol nacional a afundar-se rapidamente. A seleção nacional não tem um ponta-de-lança de qualidade - Almeida, Éder e Postiga são realisticamente futebolistas de média/baixa qualidade - e isso resulta e reflete-se quando olhamos os três grandes e não encontramos um avançado português. O mesmo se passa com os centrais, laterais, guarda-redes, exceptuando-se para já os médios e extremos que vão sendo formados pelo Sporting. Ou se inverte este panorama ou arriscamos-nos a ver Portugal tornar-se numa Irlanda do futebol.