O Milan, meu clube do coração depois do Sporting, atravessa um momento complicado. Tem um plantel abaixo dos seus pergaminhos, um treinador cujo prazo de validade expirou e Galliani, presidente desde que Berlusconi se virou para a política, já ameaçou sair do comando. Tudo isto resulta em 19 pontos em 17 jornadas, ou seja, apenas 4 vitórias. O Milan, 18 vezes campeão italiano, está a 27 (!!!!!) pontos da Juventus.
A primeira explicação parece ser a liderança. Berlusconi dedicou-se e desgastou-se com a vida política e dezenas de escândalos perdendo o foco no clube. O empresário foi o grande responsável pelo sucesso do Milan e futebol italiano, em especial, nos anos 90. Sob a sua presidência treinadores como Sacchi, Capello e Ancelotti e jogadores como Rossi, Baresi, Maldini, Costacurta, Desailly, Boban, Albertini, Donadoni, Savicevic, Rui Costa, Weah, Papin, Shevchenko, Gullitt ou Van Basten venceram tudo.
De há uns anos para cá, o calcio perdeu força devido aos escândalos que envolviam resultados combinados e as estrelas passaram a ir para Inglaterra, Espanha e até mesmo França. Outrora, o máximo era jogar na Série A, agora, só os italianos, estrangeiros de segunda e algumas exceções jogam pelo Milan, Inter, Juve ou Roma. O Milan não contraria isso e nos últimos anos vendeu Kaká ao Real Madrid, Thiago Silva e Ibrahimovic ao PSG entre outros. Berlusconi já não mora aqui e Galliani não consegue manter uma liderança forte o suficiente.
Outro fator é Allegri. Vindo do Cagliari, não consegue colocar a equipa a jogar bom futebol ou sequer futebol aceitável. O italiano há muito que não serve e já se fala em Seedorf como sucessor. Sem experiência duvido que acrescente algo. André Villas Boas, já falado, poderia ser uma opção bem melhor.
Por fim, o plantel. Tem Kaká, muito menos influente do que quando saiu para Madrid, tem Montolivo, El Sharwaary e Balotelli e pouco mais. Abbiati vai cumprindo mas nunca foi um guarda redes de topo, Zapata e Méxes formam uma dupla miserável e no meio campo ainda moram as sombras de Pirlo e Seedorf (durante cerca de dez anos, o meio foi um losango com Pirlo, Gattuso, Kaka e Seedorf). O Milan já não tem mística, tendo-se livrado, ano após ano de referências do seu plantel, tendo deixado Ambrosini sair para Florença, onde é titular...
No ataque, Matri e Pazzini não estão à altura de El Sharwaary e Balo e um avançado experiente de créditos firmados seria bem vindo.
O Milan precisa de usar a janela de janeiro para se reforçar e, a partir daí, tentar, pelo menos chegar à Liga Europa.